terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

De passagem

O mundo alongava na vertical e ele era alguém pequeno. Seus olhos brilhantes tendiam para cima e somente quando estava distraído em brincadeiras é que se atentava ao chão e suas características. Sorria facilmente e só na adolescência descobriu o peso do silêncio e da quietude.

Quando cresceu, o mundo alongou na horizontal, ele percebeu que havia múltiplos caminhos. Seus olhos miravam cada vez mais o alto, já não era pequeno. Suas distrações faziam parte do mundo dos crescidos. O seu sorriso passou a ser seletivo e seus olhos sonhadores.

Uma brisa logo levou sua juventude e trouxe cabelos brancos. Seus olhos desceram para contemplar a linha do horizonte, estavam mais lúcidos e recobraram o brilho original. Ignorando estatura, ele era grande, sábio! O mundo estreitou e ele olhava mais de perto aqueles que amava. Suas distrações era oriundas do baú de memórias. Ele as recolhia, não avaliava com cólera, mas com doçura e lhes pintavam com sentidos novos (bons e justos).

Fruto maduro, deixou-se docilmente colher pelo agricultor. Aceitou que apagasse o brilho dos olhos nos limites que lhe eram conhecidos, para que fosse brilhar em outro canto.


IMAGEN: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBelUpfjh0VzDZitOiGh5slVxNszniiMAvwvpu_Sh9D40ee3HcYbygRnjDy_jMrDN64I8BfJxJJUtS1sS2t67Obq-nnjUgRiJrm96wYROsfp5FAWBv4JVOdLs4YEB9C-gzN5e-UlTL-ZKG/s1600/2006032600_velhice-thumb.jpg

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