quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Capitães da Areia, Jorge Amado

Sem duvida diversos comentários, análises e reflexões já foram feitas sobre o texto Capitães da Areia, esse romance de Jorge Amado é como um novo mundo, dá margens para diversos outros textos. Minha intenção não é de forma nenhuma analisar o texto, mas falar de minha experiência pessoal com os meninos dessa Bahia.

Além da visível denúncia sobre a vida de crianças crescidas nas ruas, não que esse fato estivesse escondido, vejo Capitães da Areia como uma porta para o mundo interior da humanidade. Cada um tem dentro de si um moleque que possui dores e moléstias, medos e alegrias simples.

Procuramos, assim como Pirulito nos seus quadros de santos ou João Grande nos atabaques, o consolo divino. Por vezes nossa carência não vem da falta da família, mas por sua omissão, violência ou excesso de proteção. Somos como crianças soltas no mundo. As ruas da Bahia da história são substituídas pelas ruas da vida real. As aventuras, lutas, carrosséis, tem outras características. Mas sinto como que se o mundo fosse essa Bahia de Jorge Amado, assim como os Capitães, somos moleques a brincar com a malicia do mundo. Ele ancião e maldoso nos bate, nos faz tropeçar... Mas o homem é dotado de inteligência e vai aprendendo onde pisar.

Como na vida real, na história dos meninos da Bahia também há contradições, naquele grupo de moleques arruaceiros havia ordem. “As leis nunca tinham sido escritas, mas existiam na consciência de cada um deles”. Havia um sentimento de irmandade que os impulsionava a proteger uns aos outros. Na nossa vida real, ainda não aprendemos essas leis nos escritórios, escolas e famílias.

Então como julgar alguém por seus erros ou sua origem? Quem exige uma moral daquele que conheceu o lado excluído da sociedade? As diferenças no texto são gritantes, mas seus nuances estão ao nosso lado. A pobreza disfarçada do nosso vizinho, a violência recalcada de um amigo, a indiferença com os moradores de rua... E como “socializar” a todos?

A premissa é simples: “A liberdade é como o sol. É o bem maior do mundo”. Acredito que é isso que um homem deve ter para conhecer o que é bom: liberdade! Talvez por isso reformatórios e similares não funcionam.

Levanto-me, mesmo com vozes gritando o contrário, para reafirmar que acredito que a essência do homem é boa. È visível a sua inclinação para o mal, mas a exemplo dos Capitães da Areia, o mal é escolhido quando não há opção ou quando não se soube escolher. Não vejo o homem como criatura totalmente inocente, somos livres! Mas, não há duvidas, que a ignorância é nossa maior inimiga. Não acreditemos nos mocinhos sem máculas, os heróis são os que lutam e por lutarem erram. “Os homens assim são os que têm uma estrela no lugar do coração. E quando morrem o coração fica no céu...”

P.S. Em setembro/2010, dirigido por Cecília Amado, será lançado no país o longa metragem Capitães da Areia.

IMAGEM: http://www.leyaonline.com/fotos/produtos/250_9789722051309_capitaes_da_areia.jpg
IMAGEM: http://www.diarioliberdade.org/archivos/imagenes/Capitaes_da_areia.jpg

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